No final tudo sempre acaba bem. Claro, nem sempre “bem” significava
necessariamente aquilo que se queria desde o começo. Às vezes a vida
surpreende, fecha portas, abre janelas, te dá um trator pra passar em
cima da casa inteira ou te dá uma moto pra você pegar a estrada. Mas
nunca sem rumo. Porque às vezes não ter um rumo é o melhor rumo. às
vezes a diferença entre estar em um lugar e outro depende do quanto de
gasolina você tem no tanque e quantos cigarros você tem no bolso. E tudo
pode se resumir à isso: lembranças. Mas não só as lembranças que se
foram. As lembranças que estão por vir. As paisagens, os rostos, os
lábios, as cervejas, as pernas femininas apertadas em jeans desbotados
que esquentam a sua bunda enquanto se sentam na garupa da sua moto. No
final tudo depende de como você encara os fins. Porque os fins estão lá,
irmão. O fim do namoro, o fim do dinheiro, o fim do maço de marlboro
que você comprou não tem nem duas horas, o fim da estrada. E pra cada
fim, um novo plano. Mesmo que o plano seja não ter plano. Porque afinal
de contas, até mesmo indo à lugar nenhum você chega à algum lugar. Sobe
na moto, abraça a estrada, deixa a noite te engolir, deixa o farol
nortear o caminho, deixa o couro proteger teu peito do vento gelado.
Deixa a liberdade aquecer tua alma. Deixa a solidão te fazer companhia.
Deixa você mesmo ser teu guia. Se permita chegar ao fim. Ao fim da
garrafa, ao fim do tanque, ao fim do mundo, ao fim do amor, ao fim do
caminho.
No final tudo sempre acaba bem. Tudo depende da capacidade de se adaptar ao bem que o final te traz.
(Lucas Panzarini)
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