quinta-feira, 24 de março de 2016

sobre finais, recomeços e o conformismo diário.

No final tudo sempre acaba bem. Claro, nem sempre “bem” significava necessariamente aquilo que se queria desde o começo. Às vezes a vida surpreende, fecha portas, abre janelas, te dá um trator pra passar em cima da casa inteira ou te dá uma moto pra você pegar a estrada. Mas nunca sem rumo. Porque às vezes não ter um rumo é o melhor rumo. às vezes a diferença entre estar em um lugar e outro depende do quanto de gasolina você tem no tanque e quantos cigarros você tem no bolso. E tudo pode se resumir à isso: lembranças. Mas não só as lembranças que se foram. As lembranças que estão por vir. As paisagens, os rostos, os lábios, as cervejas, as pernas femininas apertadas em jeans desbotados que esquentam a sua bunda enquanto se sentam na garupa da sua moto. No final tudo depende de como você encara os fins. Porque os fins estão lá, irmão. O fim do namoro, o fim do dinheiro, o fim do maço de marlboro que você comprou não tem nem duas horas, o fim da estrada. E pra cada fim, um novo plano. Mesmo que o plano seja não ter plano. Porque afinal de contas, até mesmo indo à lugar nenhum você chega à algum lugar. Sobe na moto, abraça a estrada, deixa a noite te engolir, deixa o farol nortear o caminho, deixa o couro proteger teu peito do vento gelado. Deixa a liberdade aquecer tua alma. Deixa a solidão te fazer companhia. Deixa você mesmo ser teu guia. Se permita chegar ao fim. Ao fim da garrafa, ao fim do tanque, ao fim do mundo, ao fim do amor, ao fim do caminho.

No final tudo sempre acaba bem. Tudo depende da capacidade de se adaptar ao bem que o final te traz.


(Lucas Panzarini)

Nenhum comentário:

Postar um comentário