sexta-feira, 1 de maio de 2015

solidão, eternidade e um pouco de batom vermelho.

A solidão? Ah pequena, a solidão é amiga de tempos. Me abraçava quando você ia embora. E me cantava cantigas de ninar quando seus olhos viravam ódio e os meus viravam lágrima. A solidão é uma amante cruel, pequena. É a dor que mais vicia, é a tristeza que mais alegra. A solidão era eu e você, pequena. A solidão é o gosto que ficava na minha boca depois de uns quatro ou vinte cigarros, umas duas ou sete doses, uns quatro ou mil beijos. A solidão é aquela marquinha de batom vermelho, é aquele perfume doce, é a beirada do copo que você deixava mordida enquanto olhava as pessoas dançando. E no fim da noite, quando as luzes se apagam e o garçom começa a varrer o chão, a solidão é a meia dúzia de rosas brancas que jogam no nosso túmulo pra depois virar as costas e ir pra casa.


No final das contas a solidão é a única eternidade que temos.


(Lucas Panzarini)

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