sábado, 28 de fevereiro de 2015

um ode à todas elas.

E por cada cigarro fumado, eu te odeio.
E por cada madrugada em claro, eu te odeio.
E por cada fio de esperança cortado, eu te odeio.
E por cada morte que morri ao seu lado, eu te odeio.

E por cada verso, cada acorde
Cada despertar de uma breve morte
E em todos os pensamentos suicidas
E em todo o sal jogado nas minhas feridas

E por cada hora sem dormir
E por cada vez que eu não estive aqui
E por cada sorriso falso afogado em puro fel
E por cada vez que dormi esperando acordar no céu

E em cada nó que foi atado
E em cada canto do quarto incendiado
E em cada centímetro desse altar de loucura ao qual me entrego
E por cada sorriso, que graças a você, eu simplesmente nego

Por cada vez que eu não soube o que fazer
Por cada esquina que eu andava sem saber
Quando, onde e por que iria te encontrar
Na rua, na chuva, no meu velório, num bar

E em cada gesto que deixei falar por mim
E por cada não que na verdade era um sim
E por toda vez que eu não soube o que dizer
Por uma vida vivida em função de te esquecer

É uma dívida de sangue que não se paga
É um fio de luz que se acende e não se apaga
É a chama que acende a brasa do cigarro
É a fossa, é a lama, é a sujeira, é o barro

É um misto complicado de vidas ligadas
É uma bacia cheia de almas recém-lavadas
É um eterno tentar ser o que não se pode ser
Conheci, sorri, amei, sofri
Por fim, por eles, por mim
Por nós
Matei você.



(Lucas Panzarini)

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