quinta-feira, 26 de março de 2015

sobre finais felizes e a eternidade.

somos todos eternos finais felizes de um longo dia ruim

Ah, eternidade
o ciclo imenso de acontecer e não-acontecer que nos cerca
a gota de dúvida que nos permeia
o lapso infindo e contínuo que nos pertence

a faca de dias e meses que nos trespassa
a alma plana que flutua no universo
nas galáxias, planetas e cometas
é a triquetra cristalina que nos transcende

e na lareira as cinzas do passado
na janela os raios luminosos do futuro
e no sofá as cinzas e caixas vazias de cigarro
e pelo chão as garrafas de arrepender-se por tudo

no entanto somos eternas sombras
projetadas na parede da memória
conforme dança a luz, dança o tempo
enquanto apagamos e escrevemos outra história

dois pares de olhos que jamais se desencontram
dois pares de mão que, mesmo distantes, jamais se desentrelaçam
duas existências bailando serenamente num salão em chamas
e nuances de preto e branco que, fugazes, passam

(Lucas Panzarini)

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